segunda-feira, julho 30, 2007
sábado, julho 28, 2007
Rudolf Hess, o Mensageiro da Paz
Dos cosas habría que destacar fundamentalmente en este héroe y mártir olvidado en la historia: su lucha por la paz, por la prosperidad y concordia entre los pueblos de Europa, y su fidelidad a esta idea, a todos sus principios y a Adolf Hitler, su amigo y Jefe.
sexta-feira, julho 27, 2007
De Olho no Ambiente e na Sua Preservação...
A 28 de Julho, comemora-se o Dia Nacional da Conservação daNatureza.
Num país em que o Ambiente é maltratado, mais uma comemoração de pouco serve, a não ser para lembrar tudo aquilo que ficou por fazer, todas as promessas efectuadas, todas as ameaças em curso...
Noticias do Ambiente
Relatório do Parlamento Europeu sobre Biodiversidade
O documento, datado de 22 de Maio, começa de forma drástica:
Biodiversidade: será que os nossos netos ainda comerão peixe?
e depois continua:
Na Europa, 52% das espécies de peixes de água doce, 45% dos répteis e borboletas, 42% dos mamíferos autóctones, 30% dos anfíbios e 800 espécies de plantas, entre outras, estão ameaçadas de extinção. No mar, os mananciais de várias espécies de peixes estão a desaparecer. Muito há para fazer para alcançar os objectivos de parar o declínio da Biodiversidade atá 2010.
Belas palavras, que deverão inspirar a Comissão Europeia e os governos nacionais para fazerem o que devem.
Documento completo no link abaixo.
Biodiversity: will our grandchildren still eat fish?
Lig. Nacionais - Ambiente
ONGA
CPADA - Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente
FAPAS – Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
LPDA – Liga Portuguesa dos Direitos do Animal
LPN – Liga para a Protecção da Natureza
QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza
SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
CEAI - Centro de Estudos para a Avifauna Ibérica
Amigos do Mar - Associação Cívica para a Defesa do Mar (indisponivel)
ONGAs - Directório do Ipamb
ADPM - Associação de Defesa do Património de Mértola
Montanhismo-Associações
Clube de Montanhismo da Guarda
Desnível – Associação de Desportos de Aventura
FPC – Federação Portuguesa de Campismo
FPME – Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada
Grupo de Montanhismo de Vila Real
Ecoturismo e Actividades de Ar Livre
SAL Sistemas de Ar Livre
Áreas Protegidas de Portugal Continental - ICN
Parque Ecológico de Monsanto
Rotas do Vento
Papa-Léguas
Turismo Rural em Portugal
Entidades Oficiais
Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente
DGA - Direcção Geral do Ambiente
IA – Instituto do Ambiente
DGOTDU – Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
DGF - Direcção Geral das Florestas
ICN - Instituto de Conservação da Natureza
INAG – Instituto da Água
INR - Instituto dos Resíduos
IPPAR – Instituto Português do Património Arquitectónico
Agricultura e Florestas
Portal da Floresta
Agroportal
Desenvolvimento Sustentável
Agrobio
BeirAmbiente - Centro Profissional de Desenvolvimento Sustentável e Eco-turismo
Outras ligações
Naturlink
Associação Portuguesa de Engenheiros do Ambiente
Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais
Associação Portuguesa de Biólogos
Associação Bandeira Azul da Europa
ASPEA - Associação Portuguesa de Educação Ambiental
Agência Regional de Energia e Ambiente do Algarve
Sociedade Portuguesa de Energia Solar
National Energy Foundation
Centro Português de Actividades Subaquáticas
Ecosfera - Jornal "Público"
AmbienteOnline.pt
IFN - Inventário Florestal Nacional
SIPNAT - Sistema de Informação do Património Natural
Lista de convenções e acordos
ENTRI - Environmental treaties and resource indicators
United Nations Convention to Combat Desertification
United Nations Framework Convention on Climate Change
Convenção de Bona
Convenção Ramsar
Geomonumentos em Portugal
ProGEO - Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico
ALGAR – Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos
Instituto Hidrográfico
Águas de Portugal
quinta-feira, julho 26, 2007
Por Terras Ricas...Que Ricas Terras...
São Bartolomeu de Messines tem mostrado uma enorme riqueza em termos de espólio arqueológico:
- uma conta de vidro azul-escuro guarnecida de folhagem de esmalte branco; uma conta de vidro preta ornada de esmalte branco;
- outra lisa, de vidro azul-escuro;
- uma de vidro verde com esmalte orlado de branco;
- uma cabeça de serpente, de vidro preto, transversalmente atravessada por dois furos paralelos, cujas extremidades representavam os olhos e os ouvidos.
quarta-feira, julho 25, 2007
Um Conto Ou Uma Lenda Para Contar...
Contos Populares e Lendas - 1963
A BELA E A COBRA
Era uma vez um rei que tinha três filhas, uma das quais era muito formosa e ao mesmo tempo dotada de boas qualidades. Chamava-se Bela. O rei tinha sido muito rico, mas, por causa de um naufrágio, ficou completamente pobre.
Um dia foi fazer uma viagem; antes porém perguntou às filhas o que queriam que ele lhes trouxesse. ? Eu, disse a mais velha, quero um vestido e um chapéu de seda.
? Eu, disse a do meio, quero um guarda-sol de cetim.
? E tu que queres? ? perguntou ele à mais nova.
? Uma rosa tão linda como eu, respondeu ela.
? Pois sim, disse ele.
E partiu.
Passado algum tempo trouxe as prendas de suas filhas, disse à mais nova:
? Pega lá esta linda rosa. Bem cara me ficou ela!
Bela ficou muito preocupada e perguntou ao pai por que é que lhe tinha dito aquilo. Ele, a princípio, não lho queria dizer, mas ela tantas instâncias fez, que ele lhe respondeu que no jardim onde tinha colhido aquela rosa encontrou uma cobra, que lhe perguntou para quem ela era; que ele lhe respondeu que era para a sua filha mais nova e ela lhe disse que lha havia de levar, se não que era morto. Depois disse ela:
? Meu pai, não tenha pena, que eu vou.
Assim foi. logo que ela entrou naquele palácio, ficou admirada de ver tudo tão asseado, mas ia com muito medo. O pai esteve lá um pouco de tempo e depois foi-se embora. Bela, quando ficou só, foi a uma sala e viu a cobra. Ia-se a deitar quando começaram a ajudarem-na a despir. Estava ela na cama quando sentiu uma coisa fria; deu um grito e disse-lhe uma voz: ? Não tenhas medo.
Em seguida foi ver o que era e apareceu-lhe uma cobra. Ela, a princípio, assustou-se, mas depois começou a afagá-la. Ao outro dia de manhã apareceu-lhe a mesa posta com o almoço. Ao jantar viu pôr a mesa, mas não viu ninguém; a noite foi-se deitar e encontrou a mesma cobra. Assim viveu durante muito tempo, até que um dia foi visitar o pai; mas quando ia a sair ouviu uma voz que lhe disse:
? Não te demores acima de três dias, senão morrerás.
Ia a continuar o seu caminho e já se esquecia do que a voz lhe tinha dito. Chegou a casa do pai. Iam a passar três dias quando se lembrou que tinha de tornar; despediu-se de toda a sua família e partiu a galope; chegou lá à noite, foi-se deitar, como tinha de costume, mas já não sentiu o tal bichinho. Cheia de tristeza, levantou-se pela manhã muito cedo, foi procurá-lo no jardim e qual não foi a sua admiração vendo-o no fundo dum poço! Ela começou a afagá-lo chorando; mas, quando chorava, caiu-lhe uma lágrima no peito da cobra; assim que a lágrima lhe caiu a cobra transformou-se num príncipe, que ao mesmo tempo lhe disse:
? Só tu, minha donzela, me podias salvar! Estou aqui há uns poucos de anos e, se tu não chorasses sobre o meu peito, ainda aqui estaria cem anos mais.
O príncipe gostou tanto dela que casou com ela e lá viveram durante muitos anos.
terça-feira, julho 24, 2007
Retomemos Aos Tempos Medievais...
Feira Medieval de Silves
09 a 15 de Agosto 2007
Os séculos XI, XII e XIII representaram para a cidade de Silves alterações profundas na sua constituição política, social e económica, transformando-a numa urbe.
Em 1189, cruzados em trânsito para a Terra Santa são incitados por D. Sancho I a conquistar a cidade. Silves cai em poder cristão, após prolongado e duro cerco e duradoura estiagem.
Ainda no século XII (1191), apenas dois anos volvidos, Silves, volta novamente às mãos dos povos muçulmanos. Mais tarde, é reconquistada definitivamente, aquando tropas comandadas por D. Paio Peres Correia assolavam as principais fortalezas do Algarve e em 1255 integra a Coroa Portuguesa. Após esta decisiva conquista a urbe é pertença de D. Afonso X, o rei de Castela que após assinatura do tratado de Badajoz, a oferta a seu neto D. Diniz.
Reviver o esplendor dos séculos XI, XII e XIII na Feira Medieval é mais do que uma simples interpretação da história escrita, é acima de tudo o entendimento e entrosamento dessa história no contexto único de mistura de gentes, credos, religiões, hábitos e cultura, períodos da guerra e fome e períodos de paz e de ostentação e riqueza.
Nos sete dias em que decorre a Feira Medieval de Silves, 9 a 15 de Agosto, vamos contar proféticas histórias, reviver o modus vivendi destes povos, num cenário único onde o legado de quem por aqui passou é visível no património existente. Vamos num ambiente próprio recuar no tempo em que os mercados aconteciam diariamente nas ruas, as leis eram apregoadas, os vilões açoitados publicamente e os mendigos recebiam a misericórdia, misturados com malabaristas, contadores de histórias e outras artes.
À semelhança de outros tempos também haverá mercadorias importadas, das terras longínquas, sedas, louças decoradas, pratas, pedras raras e objectos a fim. A Câmara Municipal de Silves, ao organizar este evento convida-o a uma participação única e inesquecível, permitindo-lhe trajar roupa da época e tornar-se um personagem da nossa história. Convidamo-lo a vir, com a família, com os amigos e descobrir em Silves… uma história interminável.
segunda-feira, julho 23, 2007
sábado, julho 21, 2007
Recordar É Viver! Foi Um Orgulho Participar e Bom Recordar...
Para o Sistema, Tudo o que é Tradição é Para Abolir...Existir para quê, Não trás €€€...
Medronho: Bebida do presente ou tradição do passado?
A região algarvia tem vindo a evoluir a cada ano que passa, recebendo cada vez mais estímulos do exterior. Mas esta evolução pode conduzir a um esquecimento das tradições que ajudaram a caracterizar e consolidar o povo do Algarve. A aguardente de medronho também faz parte desta história e tradição.
Bruno Nunes Pedro Guerreiro
Não raras vezes, quando um cliente forasteiro chega a um restaurante, tasca ou café algarvio, é-lhe oferecido um «calcinho» da aguardente de medronho, uma bebida típica carregada de tradição e hospitalidade. Esta bebida, símbolo da serra algarvia, representa algumas das tradições e vivências do povo que, em tempos, viveu da terra e do que esta lhe dava. A cortiça, a alfarroba, a azeitona ou os produtos cultivados eram das poucas formas de garantir a subsistência de muitas famílias. Também o medronheiro, arbusto abundante nas serras algarvias, constituiu, em tempos, uma forma de rentabilizar os recursos. O progresso, a desertificação e as exigências legais em termos de higiene e segurança alimentar alteraram esta realidade. Entre produtores legalizados e pessoas que fabricam medronho para um consumo quase familiar, as queixas multiplicam-se. As exigências burocráticas e os custos de produção, aliadas a uma fiscalização cada vez mais exigente ameaçam matar uma tradição que faz parte da cultura algarvia.
Medronho na Serra do Caldeirão…
A Serra do Caldeirão, outrora rota dos almocreves – homens viajantes comerciantes que percorriam a Serra e o Alentejo montados em burros transportando os produtos a que as pessoas não tinham fácil acesso – sofreu mudanças consideráveis sendo hoje uma pequena amostra do que foi em tempos. Esta economia de almocreves e de agricultura de pequena dimensão quase não existe nos dias que correm, tendo sido engolida pela nova economia global. Os burros foram substituídos por modernas carrinhas de distribuição e o desenvolvimento rodoviário permite a qualquer um o acesso às grandes cidades, aos produtos massificados, a tudo o que é «do bom e do melhor», como diz o povo. A Serra do Caldeirão evoluiu. Existe agora uma maior reciprocidade entre a economia litoral e a economia interior, em que ambas ficam a ganhar. Os produtos artesanais têm agora um mercado maior, mas com este novo mercado vêm novas responsabilidades. José Manuel Gonçalves, produtor licenciado de aguardente de medronho tem a sua destilaria no sítio de Besteiros, freguesia de Ameixial, onde produz uma das aguardentes mais reconhecidas de toda a serra algarvia, a aguardente do “Zé Marafado”. Sobre estas novas responsabilidades, José Gonçalves adianta que a sua esposa, Orlanda Gonçalves, participou no curso da HACCP (Hazard Analysis Critical Control Points com tradução para Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo), onde são dadas indicações aos produtores sobre como proceder segundo as normas de higiene e segurança, de maneira a que a aguardente não seja prejudicial à saúde dos seus consumidores, educando assim quem faz a bebida para as novas regras de produção de bebidas alcoólicas. Segundo o produtor, a fiscalização da ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica – centra-se principalmente nas condições de higiene e de segurança no local onde é produzida a bebida, sendo descuidada a análise final da qualidade do produto. Na opinião de Orlanda Gonçalves “eles [ASAE] agora andam atrás dos impostos, desde há pouco tempo é que olham mais para a higiene e para as condições de trabalho”. Ainda assim consideram que, apesar do crescente número de análises às características desta bebida, os laboratórios não conseguem definir a qualidade de uma aguardente de medronho. Os produtores alertam também o consumidor para o momento de compra de aguardente. “A relação preço/qualidade é muito importante. Quando encontrarem uma garrafa de aguardente que seja a um preço muito acessível, é não acreditar na qualidade dela. A aguardente é cara logo no fruto. O produto final com mão-de-obra, imposto e fruto, nunca pode ser vendido barato”, salienta José Gonçalves. Existe também um preconceito acerca da aguardente ilegal, que é muitas vezes considerada melhor que a produzida de forma lícita. Segundo a Orlanda Gonçalves, isto acontece pelo facto das pessoas associarem o ilegal à produção caseira, “o que acaba muitas vezes por ser falso”, visto que a qualidade da bebida está dependente de vários factores. A qualidade do fruto, a arte e o engenho do destilador e os meios utilizados para a destilação são o que define o resultado final e a qualidade da bebida. A aguardente produzida pelo casal é vendida em feiras, a distribuidores, a cafés e a restaurantes, sendo um dos produtos mais reconhecidos do interior algarvio. Ainda assim, quando questionados sobre se compensa monetariamente produzir aguardente de medronho, a resposta é negativa, pelo menos se os métodos utilizados e a aguardente produzida forem genuínos, visto que implica muita disponibilidade de tempo e “a não utilização de essências” que subvertem o produto tradicional. Outro produtor, que não quis ser identificado, aponta as mesmas questões, especialmente a morosidade do processo e a necessidade de uma grande quantidade de medronho para produzir uma pequena quantidade de aguardente. Este produtor salienta também que o papel das entidades reguladoras na semi-profissionalização do processo e dos meios utilizados para produzir aguardente é importante, embora por vezes se mostre de uma maneira demasiado repressiva. É este o panorama da produção desta bebida característica da serra, onde alguns produtores lutam contra o esquecimento e o desaparecimento deste património regional.
… e na Serra de Monchique
Na Serra de Monchique, onde fica situado o ponto mais alto a sul do Tejo, a tradição já não é o que era. A produção de aguardente de medronho na Serra chegou a ser, na década de 50 do século passado, contabilizada em dezenas de milhares de litros, sendo utilizada até, virtude do seu baixo preço, para subir o teor alcoólico de certos vinhos alcoolicamente fracos. Actualmente, a produção é incerta e, em certa medida, obscura. Para os consumidores, ainda é isso que se pretende, que seja artesanal, caseira. António José da Costa foi o primeiro produtor a legalizar a sua aguardente de medronho na Serra de Monchique e, até há relativamente pouco tempo, pertenceu à Direcção da Associação de Produtores de Medronho do Barlavento Algarvio. Corria o ano de 1986 quando, sob a marca Cimalhas, o senhor Costa, como é conhecido, empreendeu todas as medidas legais necessárias para se iniciar na produção e comércio de aguardente de medronho, à época menos exigentes se comparadas com as existentes actualmente. Os impostos sobre o consumo eram inexistentes e os selos de qualidade alimentar eram facilmente adquiridos, ao contrário da situação actual em que a burocracia domina todo o processo. “Eu dependo de doze entidades oficiais! É uma coisa que as pessoas quase não acreditam…”, refere António Costa. A burocracia, bem como os elevados custos de uma actividade inserida no âmbito da indústria, torna incomportável a produção para inúmeras pessoas para quem o fabrico desta bebida havia sido sempre um complemento às economias familiares. Porém, o controlo à produção do medronho é de tal forma restrito que, actualmente, este produtor de Monchique receia que a produção de medronho esteja a ser, mesmo para consumo próprio, ameaçada. Segundo o site da ASAE, “a produção de aguardente de medronho destinada exclusivamente para consumo próprio não precisa de qualquer tipo de licenciamento”. Não obstante, têm sido feitas buscas e apreensões de quantidades irrisórias de aguardente – como 20 ou 30 litros – quantidades pouco significativas na globalidade da economia regional, salientou este produtor. Estes são entraves à produção de aguardente numa actividade já de si considerada pouco rentável, a que vêm acrescer os problemas dos incêndios e de falta de mão-de-obra, desqualificada e envelhecida. António José da Costa chegou a ter a seu cargo cerca de uma vintena de pessoas na apanha nos seus 57 hectares de medronheiros. Conta hoje apenas com um homem que, legalizado e trabalhando temporariamente a recibos verdes, situação que não lhe acarreta responsabilidades legais de qualquer ordem. O tratamento dado à produção de aguardente de medronho é díspar se comparado com a produção de licores insulares, que têm apenas 25 por cento de imposto sobre o consumo, em contraste com a produção continental em que o mesmo imposto ascende aos 50 por cento. Outra fonte produtora de aguardente de medronho, que preferiu manter o anonimato, refere o carácter tradicional desta bebida vincadamente algarvia: “o medronho já é uma tradição na minha família e em Monchique. Sempre se produziu da mesma maneira, principalmente para oferecer à família e aos amigos”. A produção de aguardente de medronho na Serra de Monchique não tem, segundo António José da Costa, perspectivas de futuro, devido a uma série de factores que, intrinsecamente ligados, determinam o fim desta bebida tal como a conhecemos hoje. Dela, ficará, segundo este produtor, o nome. De uma bebida perdida no tempo, nas pessoas, no emaranhado burocrático.
E o futuro da aguardente de medronho?
Não se augura risonho o futuro da bebida espirituosa mais característica do Algarve. Nas palavras de António José da Costa, “esta é uma bebida para acabar, carolice de velhos…” A constante pressão das autoridades, os crescentes impostos e a burocracia sem fim, que denunciam um profundo descomprometimento do sistema político com a tradição, são as principais dificuldades que travam o crescimento e desenvolvimento desta cultura, associado à desertificação e ao envelhecimento da população no interior.
sexta-feira, julho 20, 2007
O Nosso Estado de Direito Resume-se a Isto...
Não tenhamos vergonha...
(actualizado)
Sou arguido de difamação pelo que escrevi neste blogue, por queixa apresentada queixa apresentada pelo "primeiro ministro enquanto tal e cidadão" José Sócrates que inclui acusações a cujo segredo estou duplamente obrigado - nos meus deveres de arguido e ainda na ordem formal que extraordinariamente me foi cometida no DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) da Procuradoria-Geral da República.Não devo, nem por isso quero, furar esse segredo de justiça. Mas creio que o dito segredo não me corta absolutamento o pio de pássaro ferido nas asas da liberdade lusa.Não convoco, assim, publicamente, a seguinte declaração para o diletante exercício da minha defesa. Todavia, talvez fosse de convocar a sua autora para, nos órgãos próprios, prestar contas ao povo que elegeu e sustenta o Governo de que faz parte... - mas estou do lado dos súbditos, ainda que, como já disse, na ala dos que não amocham. Não tenho esse poder, não temos esse poder: siga o baile e rodem os pares conforme ordena o mandador.Sei que formalmente cabe ao Presidente da República a garantia do "regular funcionamento das instituições democráticas" (art.º 120.º da Constituição da República Portuguesa). Dir-me-ão que se as instituições tiverem perdido essa qualidade e passarem a despóticas, essa garantia torna-se inútil. Mas, sob essa ameaça, ainda mais se precisa da sua intervenção. Está mesmo em causa o "regular funcionamento das instituições democráticas". Não é por um caso, nem sequer pela soma deles: é pelo padrão anti-democrático que compõem.Vejo, oiço e leio: não posso ignorar. Mais além, sinto. Vai daí que aqui vem o seguinte vídeo de declaração pública de hoje, 4-7-2007, da Secretária de Estado Adjunto e da Saúde Carmen Madalena da Costa Gomes e Cunha Pignatelli - que abaixo transcrevo.
Cortesia do nosso vizinho Basílio Martins do Mote para Motim
"Há pessoas que têm opinião diferente da minha e, felizmente, vivemos em democracia e num país onde cada um pode dizer o que quer... Nos locais apropriados, nos locais apropriados - não tenhamos vergonha de dizer isto. Eu sou secretária de Estado Adjunta e da Saúde e não posso estar aqui a dizer mal do Governo. Aqui! Mas se estiver em minha casa - garanto que não acontece... - se estiver na minha casa, na casa... nas nossas casas, na esquina do café e com os nossos amigos podemos dizer aquilo que queremos." [realce meu]
Sou a prova perfeita de que a secretária de Estado tem razão: um blogue não se inscreve nos "locais apropriados" para dizer "aquilo que queremos". Contudo, já não concordo que as "nossas casas" possam ser consideradas pelas autoridades como um "local apropriado" - a minha casa, pelo menos, não é, nem a de minha mãe. O professor Charrua também parece ser a prova de que "com os nossos amigos" também não é "apropriado". Talvez reste, então, a esquina do café. Ainda não para mim, que estou proibido de falar sobre o Dossier, mas talvez alguém possa, desde que não abuse e se ponha a dizer mal do Governo... Porque se disser, mesmo que seja verdade, pode ser acusado de difamação.
Publicado por António Balbino Caldeira em 7/05/2007 01:23:00 AM
quinta-feira, julho 19, 2007
Preservar Para Não Esquecer!
O Museu de Sines, fechado nos últimos dois anos, reabriu na Capela da Misericórdia com um espólio onde se destacam o tesouro fenício do Gaio e um conjunto raro de cantarias visigóticas.
O equipamento cultural, segundo a Câmara Municipal de Sines, foi inaugurado ao final do dia de ontem, sendo a capela que agora o acolhe, construída no século XVI, ela própria, alvo da visita dos turistas.
«A capela estava bem tratada e só tivemos que estabilizar a sala em termos térmicos e de humidade e adquirir vitrinas, mobiliário de suporte das peças, iluminação e o sistema de vídeo-vigilância», explicou hoje à agência Lusa o presidente da câmara, Manuel Coelho.
O espólio do museu integra peças provenientes do Museu Arqueológico Municipal, do Museu de História Natural e da doação de José Miguel da Costa (fundador do Museu Arqueológico e falecido em 2005).
As peças «mais significativas» dessas colecções vão ser exibidas ao público, muitas delas constituindo prova da «profunda relação de Sines com o mar», tanto em termos económicos, como a pesca e a conserva do pescado, como da importância das trocas comerciais e culturais.
O Tesouro do Gaio, datado do século VII A.C. e descoberto numa sepultura na Herdade do Gaio, é um desses exemplos, sendo formado por adornos de uma princesa fenícia, que o autarca considera serem «dos mais importantes» que existem no município.
O conjunto de adornos femininos inclui peças em ouro, pasta de vidro, âmbar, cornalina, prata, entre outros materiais e é ainda apontado como um dos «mais significativos testemunhos portugueses do comércio fenício».
O município aponta também uma das «mais vastas e ricas» colecções de cantarias lavradas da antiguidade tardia como sendo outro «conjunto fundamental» do espólio do museu.
O «Livro de São Torpes» (1746), que narra a história do mártir romano cujo corpo terá dado à costa na praia local do mesmo nome, cerâmicas da necrópole da Provença (Idade do Bronze), um conjunto de cepos de âncora romanos e obras de arte de Hemmérico Nunes, Nikias Skapinakis, Júlio Pomar e Graça Morais são outros dos destaques.
«Sines é um dos município com maior riqueza ao nível de obras de arte milenares e seculares», assegurou Manuel Coelho, realçando ainda que o museu vai exibir peças da basílica visigótica local, já destruída, mas que foi «uma das maiores da Península Ibérica».
O município está a desenvolver um projecto para o Museu de Sines que passa por criar vários núcleos, pelo que este que reabre hoje, mais virado para a arqueologia, só se vai manter na Capela da Misericórdia até 2009.
Nessa altura, deverão estar terminados os trabalhos de recuperação e adaptação do Castelo para funções museológicas, passando o espólio para essas instalações, ao mesmo tempo que será também criada a Casa Vasco da Gama.
«Estamos a tentar constituir um grande museu municipal com vários núcleos, dedicados à arqueologia, ao período de Vasco da Gama, à etnografia e à ligação de Sines ao mar», revelou o autarca.
Diário Digital / Lusa
segunda-feira, julho 16, 2007
Os Nossos Ancestrais...
Na revista Ficheiro Epigráfico nº 29,de 1988, José de Encarnação publica uma lápide com o título "Ara funerária de Tavira" (nº 133 do catálogo dessa publicação).
É infelizmente, um título errado e enganador. A ara não foi encontrada em Tavira mas sim na Quinta da Torre de Aires (Luz) e o sítio corresponde à cidade romana de Balsa.
Tratava-se de uma lápide inédita, cujo paradeiro era então desconhecido.
O seu estudo baseou-se numa fotografia da colecção de João Bairrão Oleiro, tirada em 1948. A fotografia foi tirada no casario da Quinta da Torre de Aires, onde a lápide se encontrava "no pátio empedrado junto a uma casa térrea da quinta."
Na Addenda et corrigenda do Ficheiro Epigráfico nº 40,de 1992, José d'Encarnação descreve a descoberta da peça num antiquário de Belamandil, em 1990, e a sua acção no sentido dela ser adquirida pelo Estado, de modo a ser incluída na colecção epigráfica do museu arqueológico de Faro. Procede então ao estudo do original, mantendo a leitura anterior baseada na fotografia.
O destino da lápide perdeu-se desde então, tendo sido "reencontrada" recentemente num corredor da Delegação Regional da Cultura de Faro, por quem tinha sido adquirida no seguimento dos trâmites referidos e onde permaneceu ao longo destes anos.
As fotografias que agora apresentamos têm o interesse de serem as primeiras a serem publicadas, desde a referida foto de 1948
A lápide é curiosa e merece destaque por várias razões, para além de ser de leitura problemática e de interpretação muito condicional:
· Revela três nomes gregos femininos inéditos
· Refere explicitamente a condição de irmãs da falecida, por parte das dedicantes
· Combina três nomes gregos e um latino na mesma geração familiar
· É escultoricamente muito semelhante a outra, achada em Faro/Ossonoba (Catúrica Prima, IRCP 18), provindo ambas, segundo José d'Encarnação, da mesma oficina
Transcreve-se, com a devida vénia, parte do texto deste autor, o que não substitui a leitura do original:
José d'Encarnação, "Ara funerária de Tavira", nº 133, Ficheiro Epigráfico, 29, 1988
DMS
SYCECALE
V ANO M[...]
SOROR[...]
TRICISM[...]
[...]SALCEA[...]
ET VEGET
"O texto parece conter o epitáfio de Sycecale. Este antropónimo, de que não encontrei paralelos, poderá ter sido formado a partir de dois vocábulos gregos: ψυχή+ χαλή, o que lhe outorgaria um significado curioso, «a da bela psique».
Na [terceira linha] haveria lugar para a indicação da idade. A reconstituição V(ixit) ANO (uno) M(ensibus) [V] (parece notar-se o vértice superior esquerdo do V) não seria, por isso, despicienda.
O monumento terá sido dedicado por familiares, cujos nomes e grau de parentesco estariam mencionados nas linhas 4 a 7. Desta sorte, algo como SORORES, as irmãs, poderia estar na [quarta linha], seguindo-lhes os respectivos nomes.
Para a primeira, TRICISMA seria possível, porque, embora seja também ele um antropónimo sem paralelos, poderia ter sido formado a partir do vocábulo grego θρίξ, τριχός «cabelo», com o sufixo substantivel -isma, outorgando-lhe, por isso, o sinónimo de «cabeluda», «de farta cabeleira». Na [6ª linha], deve faltar uma letra que, aparentemente, só poderá ser P, na medida em que uma vogal obrigaria a dobrar a consoante e não há espaço.
PSALCEAS ou PSALCEADES, apesar de não documentados, seriam hipóteses a considerar, eventualmente relacionadas com o universo dos vocábulos ligados ao canto. Do último antropónimo não parece existir a letra final; mas, se considerarmos o termo SORORES a identificar todas as dedicantes, há que ver aí o feminino VEGETA, um cognomen de origem latina.
Por consequência, a nossa proposta de reconstituição é, sob reservas, a seguinte:
D(is) M(anibus) S(acrum)
SYCECALE
V(ixit) ANO M(ensibus) [V (quinque)]
SOROR[ES]
TRICISM[A]
[P]SALCEA[D/ES?] ET VEGET(A)
Consagrado aos deuses Manes, Psiquécale viveu um ano e cinco meses. As irmãs, Triquisma, Salquéade (?) e Vegeta."
A lápide foi encontrada em 1948 fora do seu lugar original.
O casario da Quinta da Torre de Aires ocupa a plataforma de uma pequena acrópole sobre a ria, intensamente edificada na época romana, sendo possível reconhecer em várias fotografias aéreas vestígios de uma muralha ou grosso muro de suporte que enquadrava o espaço. Há notícias de numerosos achados, destacando-se parte de uma pedra de altar, tubagens de água corrente, elementos arquitectónicos, materiais de construção e poderosos alicerces.
Estácio da Veiga descobriu aí, em 1866, dois cipos (aparentemente enterrados in sito) com duas inscrições decisivas para a identificação de Balsa: uma homenagem cívica a Tito Rutilio Tuscilliano (e à memória do seu avô Tito Mânlio Marcial) por parte de um grupo de balsenses (IRCP 80) e a um duúnviro de Balsa, Tito Mânlio Faustino (IRCP 79). Outra lápide aí descoberta é dedicada a uma divindade augusta, por Speratus, dispensator balsense (IRCP 74).
Situar-se-ia aqui, sem dúvida, o foro cívico da cidade (2.1 na figura). A cerca de 300 metros para Norte iniciava-se a grande necrópole da Torre de Aires (1.1 na figura), uma das duas maiores conhecidas em Balsa.
A lápide de SYCECALE terá sido trazida dessa necrópole durante a 1ª metade do séc. XX, conhecendo-se várias outras da mesma época e local.
Detalhe da reconstituição urbana de Balsa
http://arkeotavira.com/balsa/
Casario da Quinta da Torre de Aires
Antiga acrópole e fórum romano de Balsa
(Foto de Lúcio Alves)
Bibliografia
Povos balsenses, Estácio da Veiga, Liv. cathólica, Lisboa, 1866, http://www.arqueotavira.com/Estudos/Povos%20Balsenses.pdf
IRCP (Inscrições Romanas do Conventus Pacensis), José d'Encarnação, Univ. de Coimbra, Coimbra, 1984
FE (Ficheiro Epigráfico), nº40, Coimbra, 1988
Addenda et corrigenda do Ficheiro Epigráfico nº 40, Coimbra, 1992
Balsa, cidade perdida, Luís Fraga da Silva, C.A.T., Tavira, 2005, http://www.arqueotavira.com/balsa/