domingo, dezembro 10, 2006

O Gaiteiro de Estômbar - Algarve

Representação de um gaiteiro numa escultura do Séc. XVI (Igreja Matriz de Estômbar, Lagoa, Algarve).


O Gaiteiro de Estômbar

Estômbar, Algarve-Séc. XVI


A escultura do gaiteiro adossado a uma coluna manuelina da igreja matriz de Estômbar (concelho de Lagoa, Algarve), vem dar-nos testemunho da gaita num local para muitos inesperado. Contudo, convém lembrar que a temática dos músicos (por vezes até dos animais músicos) é recorrente na imagética medieval.

No que respeita à gaita, saliente-se a sua ligação à Natividade no contexto das fantasias pastorais dos séculos XVII e XVIII, o que não obsta a que surja em contextos cronológicos mais antigos, como aparece aqui demonstrado (século XVI).

Como nota de curiosidade pode referir-se que a mais antiga figuração de um gaiteiro e do seu instrumento encontrada na Península Ibérica respeita a um capitel da igreja de Melide, na Corunha (Galiza), e data de finais do século XI.

Se hoje, às portas do século XXI, a gaita parece ser património etnográfico circunscrito ao Minho, ao Leste Transmontano, às regiões de Coimbra, Cantanhede e Torres Vedras, e à península de Setúbal, ainda há poucas décadas ela se ouvia no Norte Alentejano. Isto sem esquecer que festas populares como a Festa dos Tabuleiros, em Tomar, e a festa anual de Caneças, por exemplo, ainda hoje não dispensam o gaiteiro.



Exemplo da disposição do fole de uma gaita transmontana.




No que respeita ao Algarve, parece não haver memória do instrumento (ao tocar a gaita numa aldeia do Barrocal, passei imediatamente por “moço do Norte”), pelo menos entre os idosos contactados. Não seria de admirar, contudo, que antes do advento dos instrumentos de palheta livre metálica (harmónios, concertinas, harmónicas de boca...), efectivado no decurso do século XIX e que conquistou popularidade assinalável nesta região do país, a gaita pudesse ter tido utilização como instrumento lúdico e quiçá cerimonial, tal como ainda acontece nas zonas atrás referidas.Uma particularidade a destacar na escultura em questão reside em que, as patas e o pescoço do animal foram aproveitados para a colocação dos tubos, tal como ainda acontece na gaita transmontana e nos modelos balcânicos.




José Gomes
Publicado em "Gaita-de-Foles" - ( revista da Associação Gaita-de-foles ); nº1- Abril de 2001

sexta-feira, dezembro 01, 2006

PNR e JN Juntos contra a Invasão! Basta de Traidores! Portugal é dos Portugueses!













(Zog Média)

Manifestação nacionalista defende nova "restauração" da independência


Uma manifestação organizada pelo Partido Nacional Renovador (PNR), de extrema-direita, juntou nos Restauradores (Lisboa) cerca de 50 pessoas (aldra...) empunhando cartazes contra os imigrantes e defendendo uma nova Restauração da Independência, tendo a iniciativa decorrido sem incidentes.


A manifestação, que coincidiu com a realização das cerimónias comemorativas do 1.º de Dezembro de 1640, deslocou-se até ao Largo do Martim Moniz.


Empunhando bandeiras de Portugal e do PNR, os manifestantes percorreram a baixa lisboeta entoando, por várias vezes, o hino nacional e palavras de ordem como "Apesar da traição, Portugal tem solução".



"Estamos a ser invadidos. Alto à imigração! Portugal é dos portugueses" e "Não nos lixem o futuro. Portugal sempre!"
eram as inscrições de alguns cartazes empunhados pelos manifestantes.




Discursando no Largo do Martim Moniz, o presidente do PNR, José Pinto Coelho, criticou as comemorações oficiais do 1.º de Dezembro, defendendo que estas "não têm alma e são uma autêntica farsa sem sentido".


"Somos governados por sucessivos traidores. E somos nós que temos que despertar a consciência dos portugueses", afirmou o presidente do PNR, acrescentando que o país vive "numa ditadura democrática".


"O nacionalismo está para vencer e para crescer", reforçou José Pinto Coelho, defendendo uma nova "restauração" da independência.


"Não queremos que Portugal seja diluído numa confederação europeia artificial. Não queremos que Portugal seja tratado como uma [empresa] multinacional" , concluiu.


Durante a manifestação, que foi acompanhada por duas equipas da PSP com 14 agentes, houve trocas de agressões verbais entre os manifestantes e alguns transeuntes, mas sem consequências.


Agência LUSA
2006-12-01 19:20:01













Restauração: Homenagem a heróis marcada por manif nacionalista


No dia em que Portugal comemora 366 da reconquista da sua independência, a Câmara Municipal de Lisboa prestou homenagem aos Heróis da Restauração, na presença de dezenas de pessoas e de uma manifestação do Partido Nacional Renovador (PNR).



O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carmona Rodrigues, que presidiu à homenagem, menosprezou a acção de protesto, afirmando que «ao longo de nove séculos de História sempre houve varias opiniões». «Felizmente, desde o 25 de Abril que há liberdade de opinião, mas este sentido nacional e patriótico deve ser posto em prática no dia a dia», disse Carmona Rodrigues.O presidente da CML afirmou ainda que «há sempre um aproveitamento destas ocasiões», mas que não atribui importância.




Para o presidente do Partido Nacional renovador (PNR), José Pinto Coelho, «estas comemorações oficiais não passam de acções politicamente correctas, desprovidas de alma».




Os cerca de cem militantes e simpatizantes do PNR iniciaram a sua manifestação na Praça dos Restauradores, seguiram para o Rossio, tendo-se concentrado no Martim Moniz, porque «há 32 anos que os sucessivos governos praticam políticas anti-nacionais de dissolução da pátria, consentindo a invasão de Portugal por outros povos».«Portugal está a perder a sua identidade», acusou José Pinto Coelho, acrescentando que «o país precisa mais do que nunca de uma nova Restauração».

domingo, outubro 29, 2006

Capitais da Cultura para quê??? Para os Capitalista os portugueses querem-se burros e sem cultura para os manipularem facilmente...

Ministra anuncia “morte” das capitais da Cultura
26-10-2006


A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, anunciou hoje no debate do Orçamento de Estado na generalidade, no Parlamento, o fim das capitais nacionais da Cultura.

A ministra afirmou que esta decisão política deve-se ao facto de estes projectos não terem tido consequências na formação e fidelização de público.Segundo as palavras da ministra, "não houve retorno" no investimento feito."As cidades não se renovaram através da cultura", disse ainda a Isabel Pires de Lima.


Recorde-se que as capitais nacionais da Cultura foram Coimbra, em 2004, e Faro, em 2005.A ministra afirmou ser preferível canalizar os dinheiros públicos para apoios estruturantes, nomeadamente para o programa Território/Artes, que será anunciado em breve, e para a rede bibliográfica.

Relativamente às artes, a governante anunciou um aumento de 1,2 milhões de euros, em apoios financeiros.











Ministra equivocou-se ao acabar com as capitais da cultura
27-10-2006



O comissário do evento Faro/2005, última capital nacional da Cultura, António Rosa Mendes, acusou hoje a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, de se "equivocar ao terminar com as capitais da cultura" e discordou das justificações por ela apresentadas.


"Devia-se ter reformulado estes eventos e não acabado com eles, seguramente aprenderíamos com os erros do passado", disse o último dos comissários da iniciativa.


Quinta-feira, durante o debate parlamentar do Orçamento de Estado na generalidade, Isabel Pires de Lima anunciou o fim das capitais nacionais da Cultura, com o argumento de que Coimbra/2003 e Faro/2005 não tinham tido consequências na formação e fidelização de público.

"Isso não é verdade", respondeu hoje António Rosa Mendes, em declarações à Lusa, sustentando que "o público que hoje, no Algarve, enche teatros e auditórios, é outro público, com outra apetência crítica, e isso deveu-se à Faro/2005".



De acordo com o ex-comissário, as premissas da ministra "não têm sustentação real", porque "não existem revoluções culturais e uma capital da cultura não pode, num ano, transformar radicalmente a realidade desfavorável de uma região".



Rosa Mendes defende o alargamento deste tipo de eventos para três anos em cada cidade. "O primeiro ano - precisou - para aquecer os motores, o segundo seria o pleno das iniciativas e um terceiro para a consolidação".


Para demonstrar que a capital da cultura no Algarve "deixou uma sementezinha" na população local, exemplificou com o caso de Querença, aldeia do concelho de Loulé em que o grupo lisboeta O Bando se manteve durante três meses e ali "construiu uma relação duradoura com a população".


Evocou ainda "as muitas aldeias algarvias visitadas pela iniciativa Cinema Fora do Sítio, que nunca teriam visto cinema se não fosse a capital da cultura".


"Foi proporcionado ao público algarvio, pela primeira vez, um conjunto de iniciativas a que de outro modo não teriam acesso, desde ver uma peça da Cornucópia até ao Pedro Burmester ou à Orquestra Sinfónica de Lisboa", sublinhou.


"O que as capitais da cultura faziam era descentralizar os grandes eventos de Lisboa e Porto e isso não será feito daqui para a frente", lamentou, argumentando que os 5,2 milhões de euros investidos em Faro são um valor muito abaixo do que custa anualmente o Centro Cultural de Belém.


Acerca do "investimento sem retorno" invocado pela ministra da Cultura para justificar a decisão, Rosa Mendes questionou: "Por que continua então o Estado a investir em eventos mundanos e sem interesse no Algarve?".

Exemplificou com o concerto de Tony Carreira no Estádio Algarve e com o concerto dos britânicos Simple Minds, ambos apoiados por dinheiros públicos e o último dos quais constituiu um fiasco de bilheteira.


O ex-comissário lamentou a desilusão causada a Évora, cidade "que se estava a preparar há já muito tempo" para o evento, em 2007, que "seguramente correria melhor do que Faro, como Faro correu melhor do que Coimbra".

sábado, outubro 28, 2006

O PS equaciona a resolução democrática do aborto no Parlamento. [...] Antes de ouvir os portugueses, o PS já sabe a opinião dos portugueses.

Eu sou fundamentalista e então...vão-me calar?! [forum nacional, o nosso canto de liberdade]

A persistência do aborto




Carlos Marques de Almeida(mestrado em ciência politica)



É o regresso do filho pródigo. Passados oito anos de incúria, esquecimento ou puro desleixo, eis que o aborto invade a agenda política com o argumento clássico da “necessidade urgente”.


Durante oito anos não se avançou como uma política, uma iniciativa ou um pequeno gesto que fosse. Um observador cínico diria que se fez um compasso de espera para criar espaço e oportunidade para um novo referendo. A democracia tem este encanto muito especial – podemos votar sempre, e sempre, e mais uma vez, até que o resultado esteja de acordo com as “legítimas” expectativas.


Em Portugal, a discussão sobre o aborto é uma encenação política. Ninguém estará preocupado com o “destino da mulher”, com o “futuro do feto” ou com a “justiça de uma causa”. Tudo se resume à oportunidade, à urgência e ao cálculo político.


Nesta interessante conjuntura, vejamos a urgência. De acordo com uma sondagem recente, 43% dos portugueses não revela a mais ínfima intenção de participar no referendo. E 21% ainda hesita, não no sentido do voto, mas na importância da participação. Na perspectiva de algumas interpretações, estes dados apenas demonstram a “irrelevância da instituição do referendo”. Nenhuma conclusão deverá ser retirada a propósito da “matéria referendada”.


Vejamos o cálculo político. O PS prefere a convocação do referendo para Janeiro. Deste modo se evitará a tendência de “crescimento” do voto “negativo”. Com a vitória em Janeiro, o primeiro-ministro receberia o tão desejado e necessário “certificado de esquerda”. Já o CDS/PP prefere o referendo na Primavera. Neste espaço de tempo será possível organizar e mobilizar os “movimentos pró-vida”. Mas com a ausência anunciada do PSD, o presidente do CDS/PP vê no referendo a oportunidade para reforçar a sua imagem como defensor do “não” e líder da Direita.

A vitória do “não” seria o “suplemento de alma” de um líder acossado, reforçando a sua “legitimidade” no confronto com os adversários internos.



Ainda a propósito do cálculo político. O PS equaciona a democrática possibilidade de “resolver a questão do aborto no Parlamento”, isto se o resultado do referendo for não vinculativo. Ou seja, antes de ouvir a opinião dos portugueses, o PS já sabe a opinião dos portugueses.



Mas a questão do aborto não se resume ao predomínio de uma ética individual. Nem ao domínio de uma moral religiosa. Nem à afirmação de um preconceito progressista. A questão do aborto remete-nos para uma dimensão política por excelência – numa sociedade civilizada, em que os extremos devem ser evitados, não deverá o Estado proteger toda e qualquer promessa de vida? Este será um debate interessante.



Mas não será o debate que temos. Em Portugal, a agressividade, o autoritarismo, o populismo e a intolerância dominam o debate sobre o aborto.



Quem discorda da solução “progressista”, só poderá ser um “fundamentalista”. E um hipócrita que deve ser objecto de todas as denúncias e de todas as pressões. O “novo fascismo” não deixa de nos surpreender.


NaturezaDasCoisas@gmail.com









TIR - Terra Identidade Resistência :


Foto da manif anti-aborto em frente ao parlamento

domingo, outubro 22, 2006

Beja: Burgueses, Aberrações, Anti-Património Vandalizam Património Ancestral

Beja

Município denuncia destruição de necrópole


O município de Beja denunciou na sexta-feira que uma necrópole da Idade do Ferro, perto de Baleizão, foi alvo de destruição irreversível e que apresentou uma queixa-crime por destruição de património arqueológico e profanação de cadáver.



Em comunicado, enviado ao final da tarde, a Câmara Municipal de Beja explica ter sido alertada quinta-feira para a «profunda e violenta destruição» da necrópole do Cerro Furado, localizada numa herdade na freguesia rural de Baleizão.


Em declarações à Agência Lusa, Isabel Ricardo, do serviço de Arqueologia da autarquia, afiançou que, «mal chegou o alerta», uma equipa foi mobilizada para o local, tendo-se deparado com o acto de «vandalismo e destruição», o qual não terá «ocorrido há mais do que uma semana».

«Contactámos o Instituto Português de Arqueologia (IPA), que não sabia de nada e enviou meios para nos auxiliar, nomeadamente na apresentação de uma queixa-crime, já formalizada, para a instauração de um inquérito que apure os responsáveis», frisou.



Segundo realça a autarquia, a necrópole do Cerro Furado, de «elevado interesse patrimonial e científico», era, «há largos anos, sistematicamente pilhada e destruída por actos de vandalismo e uso ilegal de detectores de metais para venda e tráfico de bens arqueológicos».



Só que, argumentou Isabel Ricardo, ao contrário dessas acções anteriores, que eram «circunscritas a uma pequena área», desta feita «a destruição estende-se a praticamente toda a zona ocupada pela necrópole».


«A necrópole ocupa umas largas dezenas de metros quadrados e os danos agora causados são irreversíveis porque, desta vez, foi utilizado um tractor, com uma outra máquina acoplada que abriu uma série de veios na terra, com cerca de 40 centímetros de profundidade», adiantou.

Uma escavação que, acrescentou, «foi o suficiente para destruir todo o contexto arqueológico do sítio, já que as urnas da necrópole estão a pouca profundidade».


A GNR, que costuma patrulhar o local, algo isolado, «não detectou o acto de vandalismo», disse Isabel Ricardo, sublinhando que o proprietário da herdade «também não e sempre colaborou na sua preservação».


«Vários tractores estavam a realizar trabalhos agrícolas em zonas próximas, mas o proprietário, que sempre esteve disponível para a salvaguarda do sítio, garantiu-nos que não enviou qualquer máquina para o local», afirmou.


A arqueóloga da câmara realçou ainda que se tratava de «um conjunto de grande valor», porque estava integrado num povoado da Idade do Ferro, o que é raro detectar.


«É muito raro encontrar um povoado desse período com uma necrópole, ainda para mais com a dimensão que esta tinha», frisou Isabel Ricardo.


A Câmara Municipal pretende que o caso seja investigado pelas autoridades competentes, frisando que «jamais» poderá «pactuar com acções de destruição premeditada desta natureza, perpetradas por verdadeiros criminosos que atentam contra a herança comunitária do concelho e do país».


Em Abril deste ano, a autarquia assinou com o IPA um protocolo para apoio logístico e financeiro para uma intervenção de emergência na necrópole, mas, até agora, ainda se encontrava a aguardar «uma agenda dos trabalhos» por parte da entidade.




«Apesar da sintonia de esforços com a extensão de Castro Verde do IPA, não houve, a nível da direcção, uma resposta em tempo real, protelando indefinidamente um caminho que culminou com a destruição irreversível de um conjunto único a nível nacional», critica o município.




Diário Digital / Lusa
21-10-2006

sábado, outubro 21, 2006

DESCENTRALIZAR

Câmaras devem suportar custos de intervenção arqueológica

19-10-2006


O próximo Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL) inclui recomendações de arqueólogos e deverá servir de modelo para outros planos de ordenamento.

Falando aos jornalistas em Faro, à margem de um debate sobre o PROTAL e o património arqueológico algarvio, o arqueólogo Rui Parreira, do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), defendeu que só assim se poderá garantir a não destruição de património por parte de particulares.

"Um dos contributos positivos dos arqueólogos para o PROTAL é que deverão ser introduzidos mecanismos para possibilitar uma reforma dos regulamentos municipais, de forma a que as autarquias fiquem com esses encargos", disse.

Rui Parreira atribuiu ao actual sistema, que prevê o pagamento das escavações pelos próprios donos do terreno - que comparou com o princípio do poluidor/pagador - a destruição de património em zonas de propriedade privada.

"Com o actual sistema, ou há muita fiscalização, o que é de todo insustentável, ou as pessoas acabam por destruir património", frisou, observando que, actualmente, "construir num terreno é mais compensador do que valorizar o património".

A par daquela medida, os representantes do IPPAR na comissão mista de discussão do PROTAL defenderam também que sejam cartografadas as zonas urbanas susceptíveis de conter património, a fim de possibilitar a investigação em caso de obras, públicas ou privadas.
O contributo dos técnicos do IPPAR ocorreu ao longo de sete sessões de apreciação do documento, que originalmente - disse o mesmo especialista - "continha uma excessiva particularização do Turismo como motor da economia algarvia, minimizando o património".

"O documento que está agora em discussão pública já acolhe as nossas sugestões e será uma referência nacional para outros planos de ordenamento em território português", enfatizou.


Outro dos contributos dos técnicos do IPPAR foi uma proposta que, disse o mesmo arqueólogo, "vai ao encontro do combate à proliferação das construções rurais isoladas" e defende a recuperação das estruturas já existentes nos montes algarvios.


Para coordenar aquelas mudanças, deverá ser criado o Centro de Estudos do Património e Reabilitação Urbana do Algarve, com sede em Faro.


O PROTAL integra um documento elaborado pelo Departamento de História, Arqueologia e Património da Universidade do Algarve, que diagnosticou o estado do património arqueológico e construído na região entre 1997 e 2001, que contou com a colaboração do IPPAR.


O Plano Regional está desde 14 de Agosto em fase de discussão pública, que decorre até 30 de Novembro.

terça-feira, outubro 10, 2006

11 OUTUBRO - CAMPANHA ANTI-ABORTO, ANTI-CRIME!!!

CARTAZ ABORTO

Início dos trabalhos para a campanha anti-aborto

Quarta 11 Outubro 2006, 21:00 - 23:00
1ª reunião, na sede nacional, com vista à constituição da "Associação Nacionalistas pela Vida", que se empenhará no combate ao aborto livre tão desejado pela cultura de morte esquerdista.
Aborto é crime! Não à cultura de morte!
Vamos defender a vida! Vamos defender a vitalidade da Nação e o crescimento demográfico dos portugueses.












EU NÃO FUI VITIMA DE ABORTO
OS MEUS PAIS VOTAM NO PNR

Depois de aberta a discussão em Plenário, na Assembleia da República sobre o novo referendo, vai começar a campanha intoxicadora dos média sobre as "virtudes" abortistas.O problema que, no fundo, se quer resumir à questão do sim ou do não ao aborto, é falsa e hipócrita. Quer-nos convencer de que é algo tão simples quanto isso: sim ou não, as mulheres poderem abortar livremente, por serem donas do seu corpo...Se já existe legislação sobre o assunto e legislação para quem a transgredir, que se pretende mais? É a descriminalização de quem transgride a lei?

Então nesse caso não faz sentido a existência de qualquer lei, se esta não tiver consequências práticas. É a total liberdade para se abortar? Então, quando em breve se conseguir saber qual é o sexo do bebé esperado, até este facto pode ser causa justificável de aborto, pelo simples desagrado perante o que a sorte ditou…E onde estão os limites e as consequências destas exigências? Como sempre defendemos, não se pode ceder terreno, negociando questões de princípio e de valor.O que está em causa, de facto, é, para além da pura e simples liberalização do aborto, passando este a ser uma opção segundo os livres caprichos da mulher - que, como temos vindo a alertar é uma cultura de morte e da barbárie – toda uma série de problemas e questões que se levantam como consequência de uma eventual vitória do sim.


A gravidez é algo normal e desejável e deve ser apoiada! Um aborto voluntário é o contrário de tudo isso. Por este facto, é falsa a questão que os abortistas colocam que, “se o Estado suporta o apoio às grávidas, deve suportar também a prática do aborto”.

O Estado deve suportar todos os custos inerentes à gravidez, porque, em última análise se trata da sua própria vitalidade, do crescimento demográfico do povo e da garantia da continuidade e viabilidade da Nação. Ao invés, o Estado jamais deverá sustentar o capricho, sobretudo, tendo este um sinal claramente destrutivo!É que ainda ninguém definiu claramente em que moldes é que se irá processar o livre acesso à prática abortista.



Importa, por isso, levantar as seguintes questões:

Quem é que vai pagar o aborto?

Em que hospitais é que ele se poderá praticar e que prejuízos vai acarretar para as listas de espera dos doentes?

Se os hospitais não tiverem capacidade – segundo considerou o próprio Ministro da Saúde, Correia de Campos - as clínicas privadas poderão ser uma solução.
Quais são essas clínicas?

Em que moldes e quem é que as selecciona?

Quem controla a sua capacidade técnica para o cumprimento das regras?

Quanto é que vai custar aos contribuintes cada aborto?

Uma mulher pode abortar as vezes que entender durante a sua vida com os contribuintes a pagarem?

Quanto aos profissionais de saúde a objecção de consciência é um facto adquirido. Mas, quem é que garante que o profissional não venha a ser objector de consciência no hospital público e já não se assuma como tal numa clínica privada, em benefício próprio?

Todas estas questões não foram devidamente esclarecidas. De que estamos pois à espera? Que o sim passe e depois logo se vê?!




Mais sobre este assunto importantissimo e de extrema sensibilidade

domingo, outubro 01, 2006


Faro é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Faro, da região, subregião e ainda da antiga província do Algarve, com cerca de 41 300 habitantes.É sede de um município com 201,31 km² de área e 58 051 habitantes (2001), subdividido em 6 freguesias. O município é limitado a norte e oeste pelo município de São Brás de Alportel, a leste por Olhão, a oeste por Loulé e a sul tem costa no Oceano Atlântico.

PATRIMÓNIO

Palácio de Estói


O Palácio de Estói, é um pastiche rococó, em Faro, Portugal, único na região.
O palácio foi ideia de um nobre local que morreu pouco depois do ínicio da construção em meados dos anos de 1840. Outra personalidade local adquiriu o palácio e completou-o em 1909. Foi feito visconde de Estói graças ao dinheiro e esforços que despendeu na sua construção. O trabalho foi dirigido pelo arquitecto Domingos da Silva Meira, cujo interesse pela escultura é evidente. O interior do palácio, em pastel e estuque, está a ser restaurado e irá ser uma pousada.


O palácio tem também uns jardins com laranjeiras e palmeiras, que condizem com o seu alegre estilo rococó. O terraço inferior exibe um pavilhão e azulejos azuis e brancos, a Casa da Cascata, no interior da qual se encontra uma cópia das Três Graças, de Canova. O terraço superior , o Patamar da Casa do Presépio, tem um grande pavilhão com vitrais, fontes decoradas com ninfas e nichos em azulejos.


O palácio foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1977.
Em 2006 as «Preguiças», duas esculturas femininas de tamanho real, importadas de Itália, de incalculável valor, com 200 quilos cada uma, foram furtadas do palácio [algarvealgarvio]. As esculturas eram o «ex-libris» dos jardins do paço.

Ruinas de Estói

Ruínas romanas de Milreu

Faro, capital administrativa da Província do Algarve, encontra-se situada no coração da Ria Formosa.


Através dos seus monumentos, pode verificar-se as sucessivas evoluções a que a cidade de Faro esteve sujeita ao longo dos séculos desde o período romano, tempo em que se assumiu como um dos mais importantes centros urbanos do sul da península ibérica.


A chamada Vila Adentro, o mais antigo centro histórico de Faro reúne alguns dos seus mais significativos valores do património cultural, nomeadamente a Sé Catedral, o Convento de Nossa Senhora da Assunção, o Arco do Repouso - onde D. Afonso III descansou - e o Paço e Seminário Episcopal.


As casas caiadas de branco com seus telhados característicos, os arcos e as ruas estreitas são pormenores de definem a antiguidade da capital algarvia.Conhecer o concelho de Faro passa por descobrir algumas localidades próximas da capital, designadamente a aldeia da Conceição e a sua igreja quinhentista, Santa Bárbara de Nexe na encosta do serro fazendo a transição para o barrocal algarvio com as suas casas brancas, e a aldeia de Estoi, envolta por jardins de estilo barroco, onde se situam o Palácio e as Ruínas do Milreu - antiga cidade Ossónoba.


O Aeroporto Internacional de Faro é a característica mais moderna que o concelho de Faro apresenta, constituindo o elo de ligação do mundo turístico com o Algarve, onde desembarcam todos os anos, durante a época de veraneio, cerca de dois milhões de visitantes oriundos dos mais diversos recantos do mundo.


Para uma férias aprazíveis, Faro oferece-lhe umas maravilhosas e tranquilas ilhas situadas no seio da Ria Formosa cujo acesso só pode ser feito de barco, ou ainda as que se situam para lá do cordão dunar que separa o Atlântico desta Reserva Natural, designadamente a Praia de Faro cujo acesso é muito fácil, feito através de uma ponte que atravessa a canal principal da Ria.


Gastronomicamente, Faro oferece-lhe deliciosos bivalves - amêijoas e conquilhas -, uma Sopa de Peixe típica, o peixe assado, o apetitoso Arroz de Lingueirão, a Cataplana de Tamboril ou de Marisco e uns Choquinhos fritos com tinta, coisa deliciosa e muito apreciada por toda a gente.


Delegação Regional da Cultura do Algarve

Edificios e Monumentos Cónios

quarta-feira, setembro 27, 2006

Mais uma cidade Cónia



CIDADE DE LOULÉ


Pré-História

Com o valioso contributo da arqueologia sabe-se, hoje, que a presença do homem no Concelho de Loulé remonta ao Paleolítico Antigo. Não obstante, até aos finais do Neolítico não se constata uma completa ocupação do território. É provável que, a formação e o desenvolvimento do povoamento, na área da actual cidade de Loulé, se tenham verificado durante este último período, através de comunidades que utilizavam habitats precários, eventualmente rotativos, próprios de agricultores e pastores itinerantes, as quais se encontram associadas à ocupação de inúmeras cavidades subterrâneas existentes na proximidade (Goldra, Esparguina e Matos da Nora).





Início do Período Histórico

Nos milénios seguintes, no período da Era dos Metais, intensifica-se a incursão dos povos do Mediterrâneo Oriental, que progressivamente penetram no Sudoeste Peninsular, e que culmina com a chegada dos Fenícios e dos Cartagineses que fundaram as primeiras feitorias na orla marítima do Concelho, incrementando a actividade piscatória, a prospecção da metalurgia e a actividade comercial.






Antiguidade e Alta Idade Média


A partir dos meados do século II a.C., após a Segunda Guerra Púnica, os Romanos dão novo impulso às actividades económicas desenvolvendo a indústria conserveira, a agricultura e a exploração mineira do cobre e do ferro. Até ao momento, na área urbana de Loulé, os vestígios materiais da ocupação romana, cingem-se a uma ara consagrada à Deusa Diana (final do século II d.C.) outrora incrustada na torre de S. Clemente, existindo contudo, na sua proximidade, topónimos de vilas rústicas (Clareanes e Apra) e necrópoles que documentam o modo intenso e organizado como o território foi ocupado. No século V, Suevos e Vândalos, e posteriormente os Visigodos , desagregam o Império Romano mas são facilmente cativados pela sua superioridade civilizacional, adaptando e assimilando os modelos anteriores do povoamento e experiências culturais das populações autóctones.







Invasão Muçulmana

Com a chegada dos Muçulmanos , no século VIII, nasce a urbe medieval que virá a gerar a cidade histórica actual. Al-'Ulya' (Loulé) é-nos descrita, pela primeira vez, nas vésperas da reconquista cristã, nas crónicas árabes de Ibne Saíde e Abd Aluhaid como sendo, uma pequena Almedina (Cidade) fortificada e próspera, pertencendo ao Reino de Niebla, sob o comando do Taifa Ibne Mafom.


Esta descrição não deixa de ser relevante apesar dos cronistas, na alusão à Al-'Ulya' , se terem preocupado em focar aspectos do estatuto urbano e valor estratégico da Almedina, omitindo por completo qualquer tipo de menção sobre o traçado urbano e arquitectónico.

A segunda metade do século XII e princípios do século XIII foi uma época marcada por grande instabilidade política e militar no mundo islâmico, com dissensões internas que se reflectem em todo o Garb Andaluz, assistindo-se a um movimento generalizado de construções militares. É bem possível que Al-'Ulya' tenha sido fortificada durante este período.









Reconquista

Do primitivo Castelo Almorávida/Almóada resta, praticamente intacta, a torre albarrã em taipa (Torre da Vela) situada na antiga Rua da Corredora (actual Rua Engº Duarte Pacheco).


Em 1249, D. Afonso III auxiliado por D. Paio Peres Correia, Cavaleiro e Mestre da Ordem de Santiago, conquista o Castelo de Loulé aos "mouros" fazendo a sua integração plena na Côroa Portuguesa, no momento em que concede o primeiro Foral à "Vila" em 1266.

O segundo Foral foi aos "mouros forros", em 1269, que tinham sido remetidos para o arrabalde a sul da "Porta de Faro", dando origem ao bairro da Mouraria no qual persistem, ainda hoje, ruelas estreitas e tortuosas e topónimos medievais como Rua da Mouraria e Rua dos Oleiros.





Baixa Idade Média


O efeito da reconquista cristã em termos imediatos, revelou-se negativo para a economia da região, pois terminou com o ciclo do comércio com o norte de África e a Andaluzia.


Em 1291, tentando inverter esta tendência, D. Dinis ordenou que se fizesse uma feira na Vila de Loulé, única em todo o Algarve, com a duração de 15 dias, no mês de Setembro. Esta feira realizava-se no Rossio, frente à Horta D’El Rei, junto à "Porta de Silves". Este novo modelo de economia de base agrícola, submetido a um sistema de trocas a nível regional, não foi suficiente para que a região suprimisse o isolamento e a estagnação que se prolongariam até aos finais do século XIV.


O ambiente desolador em que Loulé se encontrava está expresso nas Actas de Vereação de 1385, pela voz do Camareiro-Mor João Afonso, segundo o qual a Vila estava bastante despovoada, o seu Castelo estava ermo de muralhas e no seu interior existiam bastantes pardieiros. Para minorar a situação, D. João I incentiva, com privilégios especiais, a população residente no termo da Vila a habitar o interior da Cerca e doa o pardieiro, em frente à Igreja de S. Clemente, para construção de um adro.


Ainda segundo as referidas Actas, corria no Concelho a notícia de que o Rei de Castela se preparava para entrar em Portugal. Para precaver um eventual ataque, a Vereação decidiu reparar a Torre que encimava a "Porta de Faro" e levantar as muralhas e ameias do flanco sul do recinto amuralhado.


Esta área foi, até ao séc. XVI e por razões de defesa e de acessibilidade, o principal espaço urbanístico e via de penetração ao interior da Vila. Do Largo da Matriz partia um conjunto de artérias - Rua Martim Farto, Rua da Cadeia e Rua da Matriz - que faziam a ligação aos diferentes equipamentos e espaços públicos da urbe, Alcaidaria, edifício da Vereação, Cadeia e Portas do Castelo.


No período dos "Descobrimentos e Expansão Marítima", a região do Algarve, nomeadamente Loulé, inicia um novo ciclo de crescimento económico. A actividade comercial é reanimada.


No contexto regional, Loulé ocupa um lugar de destaque no plano da exportação do vinho, do azeite, dos frutos secos, do artesanato, do sal e do peixe. Esta prosperidade permitiu que se realizassem importantes obras de recuperação dos espaços públicos e a construção de novos equipamentos. Em 1400, a nascente e fora de portas, construia-se a Igreja de Nossa Senhora dos Pobres.




Em 1422, as muralhas do Castelo são reedificadas por D. Henrique de Meneses, 1º Conde de Loulé. Em 1471, a antiga albergaria é transformada, por ordem de D. Afonso V, no primeiro Hospital do Algarve, para socorrer os soldados feridos que regressavam das campanhas de Tânger. A norte e também fora de muros, estruturam-se espaços habitacionais organizados entre as ruas do Poço, a Travessa do Outeiro, a Rua da Laranjeira e a Rua do Alto de São Domingos, onde a Visitação da Ordem de Santiago de 1565 refere ter existido a Ermida de São Domingos. Finalmente e a poente, era construída a Ermida de São Sebastião e, a menos de meia légua do centro urbano e ao cimo do outeiro, erguia-se a Ermida de Nossa Senhora da Piedade.







Idade Moderna


Desde os finais do século XVI a meados do séc. XVII, o Reino vive, contudo, a perda da Independência no palco de Alcácer Quibir.



Na região e particularmente na Vila de Loulé, a segurança das populações encontrava-se bastante ameaçada em virtude dos ataques redobrados que os "mouros" faziam à costa. Alexandre Massay, no levantamento que fez do Castelo de Loulé entre 1617-1618, a pedido de D. João de Castro, na altura governador do Algarve, refere que a maior parte dos muros em taipa se encontram danificados e caídos.



A partir de 1620, a vitalidade económica do Algarve começa a decrescer, a população estagna e a instabilidade política persiste, contribuindo para o efeito a pirataria berbere.



A expansão urbana de Loulé, no séc. XVII, foi afectada pelo período de recessão que a região e o País viviam, embora se tenha verificado um ligeiro acréscimo de construções e equipamentos religiosos. A nascente, fora de Portas, construiu-se, em 1600, a Igreja das Portas do Céu. Em três das cinco Portas do Castelo, da "Vila", de "Faro" e do "Sol", ergueram-se três ermidas: de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Pilar e de Nossa Senhora do Carmo.



No interior da Cerca adossado às muralhas construiu-se a Igreja do Espírito Santo, recuperou-se e ampliou-se, em 1693 (12), o edifício anexo para o Convento das Freiras de Nossa Senhora da Conceição. A poente e no termo da Vila, D. Francisco Barreto, II Bispo do Algarve, lançava a 1ª Pedra do Convento de Santo António, em 1675 (13).


Após a Restauração, o Castelo perde gradualmente o valor defensivo. No entanto, as áreas adossadas às muralhas, tanto no interior como no exterior, não se libertam ainda para novas construções.







Século XVIII


Na primeira metade do século XVIII, durante o reinado de D. João V , Portugal viveu um clima de prosperidade económica sustentado pelo ouro do Brasil. Neste contexto e aproveitando a actividade artística e cultural inserida no espírito do Barroco, o interior das Igrejas e Capelas da Vila são enriquecidas e valorizadas com excelentes retábulos em talha dourada e em azulejaria, obras que foram executadas pelos melhores artifíces da região e fábricas do País. Mas o desenvolvimento urbanístico deste período é marcado por um conjunto de construções civis sem significado arquitectónico que aproximam as áreas habitacionais marginais ao núcleo antigo, nomeadamente a oeste da Cerca do Convento da Graça, a sul na antiga Corredoura, a nascente do antigo Largo dos Inocentes e da antiga Rua da Carreira e a norte da Rua da Praça e da Rua da Laranjeira.



O terramoto de 1755 destruiu grande parte da Vila. As torres do Castelo partiram-se, as muralhas desmoronaram-se, a Igreja do Convento da Graça caíu, o Convento do Espírito Santo e a Igreja Matriz sofreram graves rombos, as edificações civis que não ruiram ficaram inabitáveis e o edifício da Câmara ficou de tal forma arruinado que as sessões passaram a ser realizadas numa pequena casa na Rua Ancha passando, depois, a ter lugar num edifício ao fundo da Praça.




Após a reconstrução da Vila começaram a surgir em vários pontos da malha urbana residências apalaçadas, já com certas comodidades pertencentes à burguesia local. Entre os principais edifícios, destacam-se o palacete abrasonado, ao cimo da Rua de Portugal, da família Gama Lobos (1775), o solar, ao fundo da Rua Ancha, da família Barros e Aragões (onde os franceses estiveram aquartelados até à sua expulsão em 1808), o solar da Rua de Santo António, da família dos Palermos e o solar dos Silveiras situado no alto da Praça. Estas artérias passam, agora, a ser as áreas residenciais socialmente mais importantes da Vila.



No 1º quartel do séc. XIX, a instabilidade política gerada pelas invasões napoleónicas, a partida da Corte para o Brasil e as lutas liberais, que ainda se arrastaram por alguns anos, provocaram uma crise na economia e, em consequência, veio a verificar-se um abrandamento no panorama da arquitectura e urbanismo da Vila.









Século XIX

Para fazer face aos encargos financeiros do Estado e consolidar o crédito público, o então Ministro da Fazenda, Mouzinho da Silveira decreta a venda dos bens nacionais e a expropriação dos bens conventuais. É assim que, na sequência destas reformas, o Convento do Espírito Santo, encerrado em 1836, é ocupado pela Câmara Municipal e Tribunal Judicial, a igreja conventual é desactivada e transformada em Teatro e as áreas adossadas às velhas muralhas do Castelo de Loulé são loteadas e ocupadas para fins residenciais e comerciais. No entanto, a maior transformação operada no plano urbanístico deu-se em 1873, com a abertura da Av. Marçal Pacheco, que permitiu ligar o sector nascente ao sector poente da Vila através da Rua da Praça (actual Av. Praça da República); demoliu-se, então, a ermida do Carmo e parte da muralha a ela adossada. A Rua da Praça era, já, não só o eixo principal da circulação mas o espaço mais importante da prática social, económica e cultural. Em 1885 passa a simbolizar, também, o principal espaço político em virtude do Paço Municipal ter sido transferido para o edifício onde, ainda hoje, se encontra.


Até ao final do séc. XIX, a vila expande-se para poente, iniciando-se a urbanização da Quinta do Olival de S. Francisco, área que se veio a integrar na jovem Freguesia de S. Sebastião, criada por decreto régio em 1890, a partir da divisão da secular Freguesia de S. Clemente.


Este novo espaço foi concebido segundo um desenho urbano "moderno" de características recticuladas, ruas desenhadas a partir de caminhos existentes formando quarteirões rectangulares e espaços públicos nas suas intercepções com forma triangular.

No plano da arquitectura não se produziu mais do que edifícios de corrente vernácula, típicos da região, que reflectiam com coerência o tecido social que os compunha. É importante salientar que o aumento demográfico e urbanístico, que ocorre neste período, está associado ao fenómeno da industrialização que acabou por atrair a Loulé a população das freguesias do interior do Concelho e fora deste, para trabalharem em pequenas unidades fabris artesanais que entretanto aqui se vieram instalar.


A par deste processo, registou-se a evolução dos transportes, a construção da linha férrea no Algarve em 1887 e o desenvolvimento das vias de comunicação, que contribuiram no seu conjunto para a profunda mudança no modo de viver da população. No entanto, algumas infra-estruturas e equipamentos básicos só no decorrer do século XX é que passaram a ser equacionados de forma prioritária.








Século XX


Antes mesmo da instauração da 1ª República foi construído o Mercado Municipal (1904-1907), projecto do arquitecto Mota Gomes , um dos edifícios mais notáveis da arquitectura contemporânea local. Esta obra veio alterar substancialmente o desenho urbano da área central da vila, provocando o derrube considerável da muralha do castelo assim como alguns edifícios de melhor qualidade aí existentes. Contudo, a obra de maior alcance urbanístico foi realizada em 1918 com a abertura da Avenida José da Costa Mealha, onde a burguesia endinheirada de então aproveitou para construir alguns dos mais belos exemplares da arquitectura civil deste século.





Até à implantação do Estado Novo registam-se algumas obras importantes em prol da modernização do espaço urbano, das quais se destacam a iluminação eléctrica, em 1916, em substituição da iluminação a petróleo, e a construção do cemitério no Sítio da Costa em 1918. Data desse período o início do abastecimento público de água ao centro urbano da vila.



Durante o regime saído do golpe militar de 28 de Maio de 1926 até Abril de 1974, o crescimento de Loulé processa-se de forma moderada: são urbanizadas as transversais na Avenida José da Costa Mealha e é rasgada a actual Avenida 25 de Abril. Deste longo período, as edificações públicas mais expressivas foram o Cine-Teatro Louletano do Arq.º J. Baptista Mendes e o Monumento ao Eng.º Duarte Pacheco concebido pelo Arq.º Cristino da Silva.



Nos últimos anos assistiu-se a uma acelerada construção em Loulé. A nordeste, a nascente e a sul da Avenida José da Costa Mealha, enormes edifícios de habitação colectiva têm vindo a ocupar antigas propriedades agrícolas e edificações de arquitectura tradicional. Em prol do "desenvolvimento" cometeram-se, por vezes, graves prejuízos na imagem arquitectónica e paisagística da cidade, nomeadamente, no seu Centro Histórico, sendo o caso mais gritante o da antiga Horta D’El Rei.



A partir de 1985, desenha-se uma tendência no sentido de se controlar e inverter a filosofia anterior, a fim de se harmonizarem os mais altos valores culturais e históricos expressos na Vila Medieval com os da Cidade actual, que pretende continuar a modernizar-se.

sábado, setembro 16, 2006

Silves - "Rocha Branca"

História da Minha Cidade - "Rocha Branca"





São antigos os vestígios da ocupação do lugar. Dos tempos pré-históricos ficaram por Silves e arredores menires e artefactos testemunhando agricultura intensiva e exploração do minério de cobre. A necrópole da Idade do Bronze de Alfarrobeira, na Serra, os menires Neolíticos do Barrocal ou os achados romanos que aumentam na zona Litoral, comprovam povoamento continuado. A 2 km a Oeste da cidade existem(íam) os restos do que teria sido uma importante feitoria do 1º milénio a.C., activa muitos anos depois de Cristo, muito provavelmente chamada Cilpes, com relações comerciais com o Mediterrâneo e seus civilizados povos: fenícios, gregos, cartagineses...


Da época romana poderá ser a ocupação urbana na actual colina de Silves.

Fortemente muralhada, conquistada uma primeira vez em 1189 por tropas cristãs portuguesas comandadas pelo rei Sancho I auxiliadas pelos Cruzados, caiu novamente nas mãos dos Mouros em 1191 e só foi definitivamente conquistada para Portugal em meados do séc. XIII. Logo se tornou a capital de todo o Algarve e a sua sede episcopal e militar. No séc. XV irá ainda participar activamente nas viagens marítimas de descobrimento portuguesas.


Afinal Silves era o mais importante concelho do barlavento algarvio. A sua jurisdição administrativa, civil e religiosa, estendia-se então, embora com interrupções, até Sagres, usufruindo ainda de um relativamente importante porto e estaleiro onde ao longo dos séculos anteriores aportara certamente muita experiência e conhecimento essênciais à aventura que Diogo de Silves em meados do séc. XV ao serviço do Infante D. Henrique empreendeu: a descoberta do arquipélago dos Açores.


Mas surgiam já os primeiros sinais da sua decadência. O rio, porta de ligação ao exterior, fonte da riqueza dos seus contactos, assoreava-se, isolava a cidade e tornava-a insalubre. Os bispos mudavam-se para Faro em 1577 e com eles se transferia o que restava da importância da cidade. No séc. XVIII o Terramoto de 1755, e depois as guerras entre liberais e absolutistas dos inícios do seguinte, que a figura local do guerrilheiro Remexido ainda lembram, reduzem a cidade a uma quase aldeia.


Mas Silves lutava para não morrer. Na 2ª metade do séc. XIX, princípios deste, o comércio e a transformação da cortiça da sua Serra e do vizinho Alentejo fizeram-na renascer. Torna-se uma cidade operária e industrial, crescendo em população e novos edifícios, burgueses e operários, despertando política e culturalmente para os valores sindicalistas e republicanos que ainda hoje a marcam.


A 2ª Guerra Mundial e o seu termo põem fim ao ciclo da cortiça e da transformação de frutos secos que uma agricultura sobretudo de sequeiro produzia.


A construção da Barragem do Arade e de importantes infra-estruturas de irrigação dão início a um novo ciclo, o da Laranja, e da citricultura de que Silves e o seu Concelho são hoje, mesmo sem grandes dividendos, capital nacional. A riqueza virgem do seu enorme interior serrano, que importa revitalizar, o valioso património construído, um dia talvez também acessível através do seu belo rio, o valor e beleza do seu litoral, são actualmente os principais trunfo de desenvolvimento e merecido destaque do Concelho no contexto regional.


Silves antiga




Monumentos:

Castelo de Silves


O castelo de Silves ocupa o topo da colina onde assenta a cidade de Silves. As muralhas que constituem a fortaleza apresentam a forma de polígono irregular com uma área aproximada de 12 mil metros quadrados. As defesas são erigidas em arenito vermelho, grés de Silves, tendo sido alteradas pelos vários sismos que assolaram a região, e consequentes reconstruções. A última ocorreu nos anos 40 do século XX, mantendo no entanto, o seu perímetro medieval.
O monumento é composto por várias torres de planta rectangular, verificando-se a existência de duas de tipo albarrã, (torres afastadas da muralha ligadas a esta por um arco), situando-se as três maiores a Norte e Noroeste. A poente encontramos quatro torres adossadas à muralha e as restantes três implantam-se a Sul.



O interior do castelo guarda vários elementos arquitectónicos relevantes, destacando-se na Zona Norte, o "Aljibe", grande cisterna de planta rectangular, sendo coberta por abóbadas assentes em colunas quadrangulares. A Sul, apresenta-se a "Cisterna dos Cães", a nascente procedeu-se a trabalhos de investigação arqueológica, que mostram estruturas de habitações palatinas. A residência mais a Sul é composta por dois pisos, jardim interior, complexo de banhos, pertencentes ao Período Almoada (séc. XIII). Na área central da alcáçova, poderá observar silos, que correspondem a estruturas subterrâneas destinadas ao armazenamento de mantimentos.


Historiadores e arqueólogos defendem a ocupação deste lugar e a existência de um recinto amuralhado pelo menos desde o período romano, povo que terá dado a forma inicial à cidade. A muralha existente poderá ter sido erigida neste período e posteriormente alterada e aumentada pelos Árabes, todavia, as investigações arqueológicas têm revelado pouco no que se refere aos períodos anteriores à presença islâmica no local.


A invasão muçulmana do actual território português ocorreu no século VIII, (711), permanecendo esta cultura quase cinco séculos no Sul de Portugal. A primeira conquista cristã sucede em 1189, a cidade capitula após prolongado cerco no dia 3 de Setembro, dois anos depois deste isolado assalto, os árabes irrompem pela península ibérica e recuam as fronteiras cristãs até ao rio Tejo. Na primeira metade do século XIII D. Paio Peres Correia inicia a conquista do actual território algarvio submetendo definitivamente a cidade de Silves ao domínio cristão em 1248.





Palacete Aurora Grade


Enquadramento urbano, abre fachadas principais e laterais para vias de circulação, Rua Samora Barros e Rua Alexandre Herculano, a outra fachada lateral e posterior para logradouro ajardinado.


O edifício mostra planta rectangular, disposta na horizontal com cobertura diferenciada em dois telhados de três águas e um de duas águas. A fachada principal orientada a Norte, com dois pisos e friso divisório entre estes, cimalha rematada por platibanda. O pano central é rasgado por vãos emoldurados de cantaria com arcos de volta perfeita e ombreiras ladeadas com aparelho almofadado; porta central com arco delimitado por emolduramento a janela central com arco delimitado por pilastras e rematado por corpo da platibanda, com pedra d'armas e coroa. Os panos laterais apresentam três vãos por piso, no andar nobre, três janelas de sacada, emolduradas, de verga recta arquitravada com balcão de balaustrada ao centro e balaustrada à face.


O início da construção terá ocorrido em 1907.






Pelourinho


Os fragmentos do pelourinho estão patentes na Praça do Município. O único elemento original que resta é uma coroa decorada com elementos em forma de flor-de-lis que remata a actual composição. Esta procura reproduzir a original descrita.


O pelourinho estava situado na actual praça do município de onde foi retirado em 1878, quando foi construída a estrada macadame que vinha de S. Bartolomeu de Messines. Foi desmantelado e as suas peças dispersas. A coroa e os ferros estavam depositados no museu Arqueológico Infante D. Henrique em Faro. A Câmara Municipal de Silves na década de 90 procede à sua reconstrução na Praça do município.








Ponte Romana de Silves


A Ponte Velha de Silves, em termos arquitectónicos, possui uma grande mistura de estilos. Pois, se por um lado os arcos são de volta perfeita intervalados por imponentes talha-mares à boa maneira romana, por outro, o tabuleiro da ponte é ogivado à boa maneira medieval. Se há historiadores/arqueólogos, especialistas no período romano que afirmam ter encontrado na ponte, vestígios de "opus signinum" (material construtivo romano), outros, medievalistas, referem ter observado, em inúmeras pedras da Ponte, as características siglas de canteiro (marcas deixadas pelos canteiros nas pedras que talhavam), como acontecia sempre no período medieval cristão.


Se por um lado não nos é difícil imaginar, engenhosos e obreiros como eram os romanos, que a cidade ao ter existido naquela época, como se crê, teria decerto uma ponte para atravessar o Rio Arade, naquele tempo de dimensões substancialmente maiores, por outro, conhecem-se relatos da presença de homens-bons de Silves, numa das cortes convocadas para Leiria, na 2ª metade do século XV, a agradecer ao monarca a construção da ponte. É pois possível que no período de ocupação romana existisse uma ponte naquele local o que justificaria os restos de "opus signinum" testemunhados por Maria Luísa S. A. Estácio da Veiga, no entanto, a enorme quantidade de siglas de canteiro observáveis nas pedras da ponte, permitem-nos afirmar com alguma certeza, de que a mesma se enquadrará cronologicamente no período medieval cristão. Sondagens arqueológicas efectuadas recentemente no seu tabuleiro, evidenciaram fragmento cerâmico datável do século XV, ao nível de uma estruturação em argamassa que suportaria um lajeado, o que confirma não só a fonte escrita atrás referida, como está de acordo com a utilização das aludidas siglas de canteiro.



Importante meio de comunicação desde aquela época, de pessoas e veículos provindos de lugares a sul da cidade, tinham de aceder a Silves sobrepondo o Rio Arade, deixou de ter circulação automóvel desde os anos 50, altura em que a nova ponte, obra do Estado Novo, a remeteu para um planos secundário.


Mede cerca de 75 m de comprimento e detém uma largura de 4,5 m. Possui cinco dos seis arcos que a compunham, é utilizado na sua construção um arenito da região designado por “grés de Silves”, apresentando actualmente um reboco em argamassa nas faces externas e internas das suas guardas que se encontram caiadas de branco.










Tradição - Artesanato



A tradição e actividade artesanal deste concelho, evidencia-se pela sua qualidade e diversidade. A cortiça, a verga, a pedra grés e a lata são alguns dos materiais utilizados para o fabrico de peças únicas confeccionadas pelos artesãos da terra.

Os costumes e os hábitos ancestrais, ainda podem ser observados através dos trabalhos de empreita e esparto que ocupam alguns dos artesãos e que mantém vivas as antigas técnicas e tradições.


Para recordar a gloriosa tradição da indústria corticeira, poderá visitar o Museu da Cortiça no interior da Fábrica do Inglês em Silves.






Serra

Manifestamente serrano, o concelho de Silves oferece uma multiplicidade de recursos alternativos ao produto sol e praia.
Dotado de uma elevada qualidade ambiental, apresenta uma paisagem diversificada com extensas áreas naturais.
Apostada em valorizar o interior serrano, a edilidade tem desenvolvido uma panóplia de acções que visam acima de tudo promover a dinamização das zonas do interior assim como evitar o isolamento das gentes que permanecem nestes lugares.
As acções desenvolvidas tem passado não só pela manutenção dos acessos já existentes e pela criação de novas estradas e caminhos, como também pelo desenvolvimento de itinerários turísticos, que tem como objectivo dar a conhecer a riqueza ambiental existente.

domingo, setembro 03, 2006

História das cidades e vilas algarvias

História de Lagoa



O nome da hoje Cidade que é sede de Freguesia terá surgido com o primitivo aglomerado populacional que nasceu em redor de um lago ou de uma lagoa viu as terras árabes serem integradas no reino de Portugal pela espada de D. Paio Peres Correia e dos cavaleiros de Santiago, entre 1242 e 1246
O simples e humilde “lugar” de Lagoa ficou então integrado no termo de Silves. As propriedades desenvolviam-se e cresciam; o próprio rei não abdicava destas terras e era senhor de um vasto património rústico que entregava aos seus vassalos e locatários. Mas muitos dos locatários desses figueirais e das vinhas, nomeadamente de Lobite, eram mouros livres que por ali ficaram após a reconquista cristã. No século XIV, cristãos e mouros partilhavam as terras, as figueiras, as searas e as vinhas; coziam o pão nos fornos do rei. Nas terras de Loubite, a caça abundava, desde animais de pequeno porte como o coelho até ao veado. Parece mentira, mas numa época, afinal não muito distante, havia veados em Lagoa.






















O legado Pré-Histórico e Clássico



Há muita coisa que “não se vê” em Lagoa, mas que faz parte integrante da memória colectiva através do seu passado mais remoto. Trata-se de vestígios únicos e riquíssimos que projectam a Freguesia para outros campos, longe da popularidade, mas na elevação da antiguidade de uma terra de valores infindáveis. Salientamos, nesses aspectos:
  • as praias plistocénicas, com vestígios dos Períodos paleolítico, epipaleolítico e neolítico, como as jazidas de Benagil e da Marinha;os arqueosítios das mesmas épocas, como a Torrinha, Lobite, Bemposta, Lombos, Monte da Fazenda e Caramujeira. Neste local, conhecido pela sua casta vinícola, tal como na zona de Bemparece, os testemunhos históricos estendem-se à Idade dos Metais.



    • Na Caramujeira foram encontrados alguns dos mais belos exemplares de menires fálicos do Neolítico. Os menires repetem-se no sítio do Mato Pinheiro, destacando-se o exemplar que está exposto no jardim do Convento de S. José em Lagoa.











    • Das marcas seculares à Lagoa do futuro


      As marcas históricas de Lagoa não terminam aqui. Num ou noutro edifício, sem grande dificuldade, podemos encontrar:

      • a encimar as frontarias e as platibandas estatuetas religiosas ou profanas de pequeno porte. Com mais facilidade encontramos pequenos pormenores sacros criteriosamente escolhidos para enfeitar as fachadas e as ombreiras, santos protectores em azulejos, sempre com o condão de anjo da guarda, sempre com a missão de intermediários entre Deus e os homens, sempre com o papel da protecção divina. São marcas da profunda religiosidade das gentes Lagoenses, no respeito e na fé.



      O mesmo respeito continua na arquitectura da agora jovem cidade algarvia, na genuinidade da sua área mais antiga que podia constituir um autêntico centro histórico, demarcado naturalmente pelas:

      • antigas casas térreas, com portas manuelinas, das quais se destaca, entre outras, a casa da rua Pinheiro Chagas, com a sua curiosa porta de arestas chanfradas com a verga decorada com gomos.



        • Mas também as casas senhoriais e os belíssimos sobrados das Idades Moderna e Contemporânea sobreviveram até aos nossos dias, como são disso exemplo a Casa Pessanha ou a Casa Júdice Ferreira, ou outras, como o actual Cartório Notarial e o antigo Registo Civil. Admirada nos seus valores, até a nova imagem da Rua 25 de Abril, a grande aposta pedonal da jovem Cidade, está plenamente enquadrada no conjunto e dá-lhe mais vida.











        • Dados interessantes de um passado longíncuo


          A Idade dos Metais e o Período Romano continuam no Poço Partido - lugar de moinhos de ventos - com o registo de uma necrópole romana. Também na área da Vila de Lagoa agora cidade desde 19 de Abril de 2001,os vestígios passam por várias épocas da História, desde o Neolítico à Idade dos Metais, passando pelo Período Romano.


          A herança medieval: as Alcarias - Aldeias medievais, com origem muçulmana, as Alcarias, no entender do estudioso algarvio José Pedro Machado, derivam do topónimo árabe al-qariâ (aldeia), como se usava largamente no século XIII. Em Lagoa ficaram algumas, como a Alcaria da Bem-posta, da qual restam ruínas e a de Loubite (ou Lobito) que, no século XVI, ainda era habitada por muitos mouros forros. Desta época medieval, ainda ficaram testemunhos de uma pedreira, no sítio das Cercas.
















          História de Lagoa




          No século XVI, Frei João de S. José, testemunha a fertilidade das terras Lagoenses, referindo que os habitantes secaram a antiga Lagoa de água estagnada, uma vez que, «alem de ficar a terra mais sadia, dava-se nella muito pão e toda a semente que lhe deytão dá em grande abundância».



          O facto de Lagoa fazer parte do território de Silves, numa situação de subjugação, nunca foi bem aceite por parte dos Lagoenses, de tal modo que surgiam conflitos, nomeadamente a partir do século XV, até que a Rainha D. Leonor deu alguma autonomia ao lugar, atribuindo-lhe poderes próprios para questões de justiça. Era o reconhecimento real da importância e crescimento de Lagoa. No século seguinte, nos constantes desentendimentos entre moradores Lagoenses e os oficiais de Silves, o Juiz de Fora dessa cidade foi insultado pelo povo numa das suas visitas de trabalho a Lagoa. As proporções da rebeldia e insubordinação foram tais que D. João III teve de agir. Reconhecendo as razões de uma localidade em expansão, o rei mandou libertar os insubordinados no desacato, determinou que os moradores de Lagoa pudessem votar para as eleições da cidade - tal como os silvenses - e concedeu que um dos três vereadores de Silves fosse, obrigatoriamente, morador em Lagoa. Determinou também que o escrivão de Lagoa pudesse fazer escrituras públicas, tal como faziam os tabeliães de Silves.



          Nesses tempos em que o poder eclesiástico tinha, igualmente, mão pesada, o povo de Lagoa nem por isso se deixou intimidar e reivindicou, mais uma vez, os seus direitos legítimos. Obrigados a ir às procissões religiosas a Silves, um dia os Lagoenses revoltaram-se e recusaram-se a ir.





          A povoação estava à mercê dos piratas que visitavam as costas algarvias e entravam por terra adentro para devastar tudo, pilhar os bens, violar mulheres, matar homens e crianças, ou levá-los cativos. Os habitantes de Lagoa decidiram ficar em casa, de atalaia, para defender o que era seu.

          Mas, porque não foram às procissões, a Igreja de Silves confiscou-lhes as armas e os bens. Os humildes Lagoenses, indignados, socorreram-se a D. Sebastião. O rei, como outros tinham feito anteriormente, deu-lhes a razão e isentou-os da obrigatoriedade de irem às procissões de Silves.



          Finalmente, a 16 de Janeiro de 1773, por alvará régio de D. José, Lagoa foi elevada à categoria de Vila e desanexada do termo de Silves. Outro alvará criava o lugar de Juiz de Fora e Órfãos na Vila de Lagoa. Passando a pertencer à Casa da Rainha, com os mesmos privilégios das outras vilas do reino, Lagoa recebia, como termo, os lugares de Estômbar, Mexilhoeira da Carregação e Ferragudo.



          Hoje, a Cidade de Lagoa, Sede da Freguesia e do Concelho, continua a reflectir a coragem dos homens que não se deixaram vencer pelas adversidades, mas que tiveram de sobreviver e evoluir por si, sozinhos.



          Uma região que não deixou as suas potencialidades agrícolas em “mãos alheias”, uma terra virada para a agricultura, com solos férteis a pequena profundidade, com os benefícios da protecção dos maciços montanhosos das serras do Caldeirão e Monchique, partilha, com os concelhos vizinhos, um micro-clima extraordinário.


          Vinhas, cereais, azeite, azeitona, amêndoa, figo, alfarroba e citrinos são exemplos da produção Lagoense. A sua cultura vinícola, muito antiga, vai desde o litoral às grandes extensões de vinhas que avançam para Norte até ao actual termo de Silves. Antigas são, igualmente, as outras culturas, já descritas na Corografia do Reino do Algarve, de 1841, da autoria de Silva Lopes que fala dos férteis campos lagoenses e, a dado passo, diz o seguinte: «Hum bosque continuado de frondosas oliveiras, amendoeiras, alfarrobeiras e figueiras com extensas várzeas, que produzem muito trigo; largas vinhatarias entre os figueirais, e algum sumagre; semeado de vários cazaes, que tornão estes campos bastante acompanhados». Silva Lopes refere-se ainda à existência de três lagares de azeite, de olarias que fabricavam boa louça, à arte da palma, ao apanho e preparo dos frutos. Nesse tempo, diz também o historiador, «ao sahir da villa, caminho de E, fica hum poço de muita boa agua, de que bebem os moradores, e hum tanque contíguo para dar de beber aos gados. Todo o termo desta freguesia, que apenas tem 1 légua de N a S, e pouco menos de E a O he bastante fértil».










           

quinta-feira, agosto 31, 2006

16, 17, 18 Setembro, 300 dirigentes das empresas mais ricas do mundo reunem-se em Lisboa


 




Nos dias 16, 17 e 18 de Setembro 300 dirigentes e altos-quadros das empresas mais ricas do mundo reunir-se-ão em Lisboa.


A capital portuguesa foi nomeada cidade anfitriã da quinta conferência europeia anual da Corenet Global – uma das principais associações profissionais de imobiliário empresarial - que se irá realizar nestes dias no Hotel Le Meridien Park.




O evento, organizado pela Câmara Municipal de Lisboa e pela consultora imobiliária Cushman & Wakefield, visa promover a instalação das sedes europeias dessas empresas na cidade e assim garantir que a imagem da capital sobressaia no mapa financeiro mundial. Há muito que Lisboa se prepara para um espectáculo desta magnitude.



As várias operações cosméticas em curso – sociedades de reabilitação urbana, nova lei das rendas, invasão de condomínios privados ou o projecto de renovação da Baixa-Chiado, destinado a “bombar o coração de Lisboa” (palavras da vereadora Maria José Nogueira Pinto), constituem pequenos sinais de uma política urbanística que pretende expulsar as pessoas do centro e preenchê-lo com residências de e para ricos, centros comerciais e, doravante, sedes de multinacionais. Alto astral...



Desde já, é de prever que os media convencionais produzam um discurso apologista da oportunidade do encontro, como forma de captar investimento internacional e assim contribuir para o desenvolvimento do país. No entanto, o facto das empresas disporem de uma elevada capacidade de mobilidade, leva a que os governos interessados na localização das suas sedes ou unidades produtivas façam os possíveis e os impossíveis para alinhar com as suas pretensões.




Apenas este argumento pode explicar os horários superiores a doze horas de trabalho nas fábricas da Nike na China, a destruição do Delta do Níger por parte da Shell na Nigéria, o assassinato de dezenas de sindicalistas cometido por grupos paramilitares a soldo da Coca-cola na Colômbia, ou as crianças de Felgueiras que cosem sapatos para a Zara. Como tal, uma eventual oferta das futuras sedes empresariais ou a concessão dos mais onerosos benefícios fiscais por parte das autoridades municipais não nos suscitarão qualquer surpresa. A produtividade, ora aí está.



Recebido Via email


Mais informações,  The 2006 CoreNet Global Summit in Lisbon