Vale tudo?
Um dos principais argumentos dos defensores do Sim – “prisão”– não é, no concreto, a realidade que têm vindo a argumentar.
Rita Marques Guedes
Baralhar para ganhar.
Intensifica-se o debate a propósito do referendo sobre o aborto.
Verifica-se que a agenda política já está dominada pela presença deste tema.
Constata-se que os grupos de cidadãos demonstram uma capacidade de intervenção e de mobilização que tenderá a crescer ainda mais com o aproximar do momento da votação.
Percebe-se que o “Sim” labora em cima de uma certa confusão de conceitos, designadamente entre a despenalização e a liberalização, sendo que o que está em causa neste referendo é essencialmente a liberalização da prática de aborto até às 10 semanas.
Nota-se, em matéria de sondagens, um progressivo crescimento dos defensores do “Não”.
Regista-se por um lado a opção do PSD em não partidarizar a questão e, por outro, o PS a subir a fasquia colocando a consequência do resultado qual voto de natureza partidária.
Questiona-se o grau de intensidade que a Igreja vai colocar na defesa da sua posição. Antecipa-se taco-a-taco até ao fim. Com resultado incerto. Em abstenção absoluta?
Clarificação
Um grupo de cidadãos constituído em movimento denominado “Independentes pelo Não” enviou ao Governo um conjunto de questões sobre a prática de aborto nos últimos 10 anos, tendo nomeadamente questionado sobre o número de mulheres presas nesse espaço de tempo. Com grande celeridade veio a resposta oficial. Olhando os números, verifica-se que existe o registo de 9 penas suspensas. E nenhuma prisão. Partindo do principio de que não há erro nos números apresentados e que não é destituído de senso quem os lê, a única conclusão a tirar é que um dos principais argumentos dos defensores do sim – “prisão”– não é, no concreto, a realidade que têm vindo a argumentar.
Rita Marques Guedes, Advogada
Sem comentários:
Enviar um comentário